Doria pede pessoalmente que Papa venha ao Brasil: 'o difícil não é impossível'
O prefeito de São Paulo João
Doria Jr. se encontrou, na manhã desta quarta-feira (19), com o Papa Francisco durante visita a Roma.
Segundo o tucano, foi ''emocionante ter o privilégio de estar com o pontífice''.
Doria relatou que pediu que o Papa reconsidere a decisão de não ir ao Brasil no
próximo mês de outubro pela celebração dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida e reforçou que vivemos no maior país
católico do mundo. ''Ele disse 'eu sei, é difícil'. Eu tomei a liberdade de
dizer 'Santo Padre, o difícil não é impossível'. Ele disse 'vamos ver, mas o
Brasil terá sempre a minha benção'.

No início da semana, Francisco enviou uma carta ao
presidente Michel Temer recusando o
convite de visitar o Brasil e cobrando medidas para evitar que se agravem a
situação da população carente no país.
A correspondência foi uma resposta a outra enviada pelo
mandatário no fim de 2016, na qual o líder da Igreja Católica Apostólica Romana era convidado formalmente para as celebrações dos
300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida,
comemorados em 2017.
O prefeito da capital paulista afirmou que, após pedir que o
Papa reconsidere a decisão, ele não deu uma resposta concreta se viria ou
não. ''Quando eu insisti pela segunda
vez, ele só sorriu'', disse.
Apesar do clima cordial do breve encontro entre Doria e
Francisco, o prefeito confessou discordar da decisão do líder católico de não
participar das celebrações em outubro. ''Não quero fazer juízo, nem me cabe,
porém acho que não houve uma orientação adequada ao Santo Padre de não estar
presente em uma data tão importante como essa. Mas quem sou eu para julgar o
Papa?'', confessou. ''Humildade é algo que não falta a um Papa, especialmente ao Francisco.
Voltar atrás é prova de grandeza e eu espero que ele possa revisar essa
decisão, independentemente de seguir por Argentina, Uruguai e Colômbia'',
completou.
Ele estará na Colômbia em setembro, acolhendo um pedido do
presidente Juan Manuel Santos e para
celebrar o acordo de paz com o grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o que
facilitaria expandir seu giro pela América Latina e incluir o Brasil, país com
maior número de católicos no mundo. No entanto, Francisco já esteve no Rio de Janeiro
em 2013. Foi sua primeira viagem internacional como Papa e ele participou da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O
prefeito de São Paulo se reuniu com Bergoglio ao lado de sua esposa, a
primeira-dama Beatriz Maria Doria, mais conhecida apenas como ''Bia'', e sua filha
Carolina Doria antes de seguir viagem para Lisboa, em Portugal.
Parceria com empresas italianas
Em entrevista,
Doria contou que a Prefeitura fechou uma série de parcerias com empresas
italianas e instituições de Roma para recuperar monumentos na cidade de São
Paulo.
''Essas parcerias serão reveladas publicamente muito em
breve, após a formalização delas com as empresas italianas, sempre com
orientação da embaixada da Itália em Brasília, e do consulado italiano em São
Paulo'', disse. ''Tenho como objetivo valorizar São Paulo como a cidade do mundo,
é a maior capital internacional da América Latina e não seria diferente em
relação à comunidade italiana'', acrescentou Doria.
''São Paulo é a maior cidade de concentração italiana fora da
Itália. O sentimento de São Paulo é também o sentimento italiano'', ressaltou o
prefeito, que tem origem genovesa.
Operação Mãos Limpas
Em Roma, Doria também comparou a Operação Mãos Limpas, a maior investigação contra a corrupção na
Itália e ocorrida nos anos 1990, com a Operação
Lava Jato, admitindo que o Brasil vive um momento parecido com o que o país
europeu atravessou no passado.
''Eu diria que a Lava Jato é muito maior, mais ampla, do que
foi a Mãos Limpas. Embora o juiz Sergio
Fernando Moro já indicou que a leitura dos processos, dos livros, do
histórico da Mãos Limpas o inspirou bastante, as circunstâncias são distintas,
os tempos são outros, e acredito firmemente que a Lava Jato ajuda a passar o
Brasil a limpo e ajudará o país a ser melhor''.