Após erro, bebê de 3 meses é convocado para prestar depoimento sob suspeita de terrorismo
Um bebé de três meses foi convocado para um interrogatório
na embaixada dos Estados Unidos em Londres, na semana passada, depois de o seu avô
ter se enganado ao preencher um formulário de autorização de voo e o ter
identificado, por engano, como terrorista. O bebé, Harvey Kenyon-Cairns, iria voar com a sua família pela primeira vez
de Manchester, na Inglaterra, para a Florida, nos Estados Unidos, onde iriam
passar férias.

A origem do problema esteve numa das perguntas que integram
o formulário dos serviços fronteiriços ESTA – Sistema Eletrônico para Autorização de Viagens, uma
pré-autorização para que estrangeiros possam embarcar num voo que tenha como
destino os EUA. Na questão ''procura envolver-se ou já esteve envolvido em atividades
terroristas, espionagem, sabotagem ou genocídio?'', Paul Kenyon, o avô do bebé, escolheu a resposta ''sim'' em vez de ''não''.
E só percebeu o erro quando a viagem da criança foi
rejeitada. ''Não pude acreditar que não conseguiram ver que se tratava de um
erro genuíno e que um bebé de três meses era inofensivo'', referiu Paul, de 62
anos, citado pelo tabloide britânico ''The
Guardian''.
O bebé teve, então, de ser levado da sua residência em
Poyton, perto da cidade de Manchester, para Londres para prestar depoimentos na
segunda-feira passada, acompanhado pela família. Só o tempo de ir e voltar –
cerca de dez horas – era o equivalente da viagem de avião para o destino
originalmente marcado: Orlando.
''É óbvio que ele [o bebé] nunca esteve envolvido em
genocídio, espionagem, mas já sabotou algumas sestas'', brinca o avô. Apesar de
o bebé ter sido ilibado de qualquer suspeita, o erro no preenchimento do
formulário custou 3.500 euros (cerca de 11.500 reais), já que a nova
autorização de voo não chegou a tempo da viagem e a família teve de comprar
novos bilhetes para o bebé e para os seus pais. ''Foi um erro que custou caro'',
admite Paul.
O avô escolheu ver o lado engraçado da situação. Ainda
pensou em levar o neto vestido com um fato-macaco laranja – similar aos que
usam nas prisões – para o interrogatório, mas recuou na decisão. ''Eles não
pareciam ter sentido de humor e não conseguiam ver o lado engraçado'', disse.
Paul gostaria que o erro tivesse sido resolvido mais
rapidamente e afirma que, de qualquer forma, dificilmente um terrorista
preencheria que ''sim'' no formulário.
* Reportagem com informações do [The Guardian]