'Caixa 2 não é necessariamente propina', diz Marcelo Odebrecht

O empresário Marcelo Bahia Odebrecht disse em um de seus depoimentos de delação premiada que nem todos
os recursos repassados pela empresa para financiar campanhas de políticos eram
caixa 2. Segundo o empresário, muitos candidatos preferem que as doações não
sejam contabilizadas para não indicar os valores dos gastos de campanha e para
evitar reclamações de partidos que receberam menos doações que outros.
As declarações estão no depoimento ao juiz federal Sérgio Fernando Moro, na semana
passada, na ação penal em que o ex-ministro Antônio Palocci é acusado dos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro na Operação Lava Jato. Ao
ser perguntado por Moro por qual motivo eram feitas as doações via caixa 2,
Marcelo respondeu que os repasses dependem do relacionamento com o político.
''Nenhum candidato queria mostrar na sua declaração tudo o
que ele gastava. As empresas também não queriam mostrar que apoiaram um
candidato mais do que outro. Eu não sei quanto teve de caixa 2 para quem, mas
eu posso afirmar que, se a gente tinha uma relação diferenciada com determinado
político, com certeza ali tem caixa 2'', disse.
História
Em 8 de março de 2016, a Justiça Federal condenou Marcelo a 19 anos e quatro meses de prisão
por crimes envolvendo o esquema de corrupção descoberto na estatal Petrobras pela Operação Lava Jato. O dono de uma das maiores empreiteiras do país
foi condenado pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação
criminosa.
Em 1º de dezembro de 2016 fechou acordo de delação premiada
junto com seu pai Emílio Odebrecht, e se comprometeu a pagar, através da Organização Odebrecht R$ 8,6 bilhões a
título de indenização por ter se envolvido em atos de corrupção.