Governo diz que greve ''fracassou'' e promete tirar cargos de deputados que não votaram em reforma
O Governo Michel
Temer avalia que a Greve Geral dessa sexta-feira, 28 de abril, contra as
reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo Executivo foi um fracasso.
É uma análise que dá um certo alívio à gestão do peemedebista que já age para
punir, com a retirada de cargos, os deputados que traíram o Executivo na
votação da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados. Ao menos 80
parlamentares da base aliada não votaram a favor das mudanças na Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) ou se ausentaram da sessão da última quarta-feira. O mapeamento e a
pressão sobre os traidores são cruciais porque o Planalto pretende votar a
ainda mais controversa reforma da Previdência na comissão especial do tema na
Casa em 3 de maio. A ideia é que o texto passe pelo teste no pleno dos
deputados entre os dias 8 e 20 de maio. Se mantiver esse cronograma, será a
prova de que conseguiu conter os danos tanto da paralisação como da rebeldia na
base.
Em diversas entrevistas concedidas nesta sexta-feira, dia da
paralisação nacional, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Osmar Serraglio, chamou o movimento de ''baderna generalizada de sindicatos'' e de ''greve que inexiste''.
''É mais uma greve aparentemente dos sindicatos, das
centrais, perturbados com as decisões desta semana do Congresso Nacional, que
estão tirando recursos bilionários, numa situação em que temos uma organização
sindical com 17.000 sindicatos'', afirmou Serraglio, à Rádio Cultura, ao se referir ao fim do imposto sindical
obrigatório, previsto na reforma.
Um cálculo que não foi feito pelas centrais, ao programarem
a greve seguida por mobilizações, foi a dificuldade em o trabalhador chegar aos
locais dos protestos. Em Brasília, por exemplo, os ônibus e o metrô não
circularam. Assim, apenas 3.000 pessoas participaram dos atos na Esplanada dos
Ministérios. Em outros protestos ao longo dos últimos dois anos, era comum ver
ao menos 10.000 manifestantes no mesmo local.
Cargos perdidos
Nos próximos dias dezenas de servidores comissionados
deverão ser exonerados de seus cargos. A ordem partiu do Palácio do Planalto em retaliação à falta de apoio de cerca de 80
deputados de sua base que não votaram a favor da reforma trabalhista.
Os demitidos serão funcionários dos terceiros e quartos
escalões. Em sua maioria ocupantes de cargos em superintendências regionais ou
órgãos vinculados aos ministérios nos Estados, como a Fundação Nacional do Índio (Funai). Na noite em que a reforma foi
aprovada, o Cultura Coletiva
identificou defecções de 57 deputados. O partido que, proporcionalmente, mais
traiu Temer foi o PSB. De seus 30 deputados, 16 votaram contra as mudanças nas
regras trabalhistas. A legenda iniciou um processo de saída do Governo.
Nas próximas semanas, além de lidar com os deputados
traidores, o Planalto terá de tratar com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do partido no Senado que tem
iniciado uma forte ofensiva contra Temer. Na quinta-feira, Calheiros disse que
uma reforma trabalhista malfeita não passará no Senado.
* Greve Geral esvaziou a zona portuária do Rio de Janeiro no
início da manhã desta sexta-feira, dia 28 de abril. Área foi bloqueada por
manifestantes contrários às reformas trabalhista e da previdência.
* No
centro de São Paulo, manifestantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) bloquearam uma via em
protesto com barricadas. Houve tumulto e detidos.
* No início da manhã desta sexta-feira, manifestantes
bloquearam com barricadas um trecho da rodovia Dutra, no acesso ao aeroporto
internacional de São Paulo, em Guarulhos.
* Também houve protesto em Brasília, onde membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST)
bloquearam uma via no início da manhã com barricadas.
* No
Rio de Janeiro também houve protestos e bloqueio de vias durante a Greve Geral
desta sexta-feira. Na imagem, policiais reprimem uma das manifestações com
balas de borracha.
* O
acesso ao aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, foi bloqueado no
início da manhã desta sexta-feira, durante a Greve Geral, por movimentos
sociais que protestavam contra as reformas trabalhista e da previdência.
* Homem
corre em via bloqueada por um protesto contra as reformas do Governo Temer no
centro de São Paulo: houve detenções e repressão policial.
* Policiais
militares diante do Teatro Municipal,
no centro de São Paulo, onde movimentos sociais fizeram um protesto pela manhã,
por ocasião da Greve Geral convocada para esta sexta-feira contra as reformas
trabalhista e da Previdência.
* Manifestantes
bloqueiam acesso ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, contra as reformas de
Temer.
* Manifestante
protesta contra as reformas trabalhista e da Previdência, em uma via bloqueada
por barricada em Brasília, no início da manhã.
* Manifestantes atiram pedras contra a PM, que por sua vez
atirou bombas de gás lacrimogêneo, na região da USP, nesta sexta-feira.
* Indígenas protestam na Esplanada
dos Ministérios, em Brasília, nesta sexta-feira, dia em que as centrais
sindicais convocaram uma Greve Geral.
* Manifestante
diante de uma fila de policiais militares, em frente a um terminal da ônibus no
Rio de Janeiro, na manhã desta sexta-feira (28).