''Não há preço que pague a humilhação que passei'', diz morador de rua agredido
O morador de rua Samir
Ali Ahmed Sati, 40 anos, agredido por um guarda civil metropolitano na quarta-feira
(3) na região sul de São Paulo, disse em entrevista que amanheceu com dores no
braço e revelou um pedido de desculpas do prefeito João Doria Jr. (PSDB), mas garantiu que ''não há preço que pague'' a humilhação pela qual passou.
''Estou com um pouco de dor. O braço está doendo. Eu fui
fazer uma compra de uns descartáveis e quando voltei me deparei com os
policiais e a fiscalização da prefeitura. Falei que os pertences eram meus e
eles perguntaram se eu tinha como comprovar a origem. Falei que não tinha como
comprovar porque não posso andar com tanta nota fiscal'', afirmou.
''Eu conversei diretamente com o prefeito pelo telefone. Ele
pediu desculpas, disse que vai fazer o quer puder para ajudar, mas não há preço
que pague a humilhação que eu passei'', completou.
Punho quebrado
Samir teve o punho quebrado e todos os bens, como roupas,
calçados, celular e alimentos, recolhidos – nada foi devolvido até agora. A
agressão foi filmada por um estudante de jornalismo que passava pela região.
''Falei [para o guarda] que não tinha necessidade de
chegar com tanta ignorância, e quando falei isso o cara ficou alto [bravo]. Me
mandou encostar na parede, me empurrou, me chutou, me bateu. Foi um abuso de
autoridade enorme'', disse Samir.
O morador de rua vai ter de ficar 120 dias com o punho
engessado e depois terá de passar por cirurgia.
A Corregedoria da Guarda
Civil Metropolitana (GCM) diz que o agente envolvido diretamente no caso foi
afastado por tempo indeterminado.
O prefeito da cidade publicou em suas redes sociais, nesta quinta-feira (4), um
vídeo falando sobre o ocorrido:
Hoje ocorreu um episódio lamentável envolvendo um morador em situação de rua e um GCM. Nada justifica tamanha violência! pic.twitter.com/aSZ50XseZH
— João Doria (@jdoriajr) 4 de maio de 2017