Renúncia de Temer 'pouparia país de mais sofrimento', diz Janaína Paschoal
A jurista Janaína
Paschoal, uma das autoras da ação que culminou no impeachment da presidente
Dilma Rousseff, diz que renúncia de Michel Temer seria o melhor para o
Brasil.
''Preferiria que ele renunciasse, para poupar o país de
mais sofrimento'', disse Paschoal em entrevista à BBC Brasil. Ela também afirmou que fará o possível para que isso
ocorra.
''Quem tiver que cair, vamos até o fim nesse processo de
depuração''.
Em pronunciamento no último sábado (20), o presidente disse
que continuará à frente do governo.
Na quinta-feira, 18 de maio, o jornal O Globo revelou a delação de Joesley
Batista, um dos donos da JBS S.A.,
que disse que Temer deu aval a uma operação de compra de silêncio do
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Desde então, o áudio da conversa entre os dois foi divulgado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), bem como o conteúdo das delações de Joesley e de
seu irmão Wesley Batista.
No diálogo, o dono da JBS fala de forma cifrada de sua
relação com ''Eduardo'', que seria o ex-deputado Cunha. O empresário
diz que ''está de bem com Eduardo'' e Temer responde ''tem que
manter isso, viu?''.
Para Janaína, os áudios da delação da JBS revelados até
agora já são suficientes para o impeachment de Temer. ''O que foi divulgado
me parece suficiente para evidenciar a quebra de decoro. Votei pelo impeachment
em consulta feita pela OAB-SP (Ordem dos
Advogados do Brasil)''.
Mas, ao contrário do desejo de muitos brasileiros e
movimentos sociais, Janaína não concorda com a pedido de eleições diretas.
''Temos que seguir a Constituição Federal e ela prevê eleição indireta para completar o
mandato. Esse pleito (de diretas) é uma estratégia para tentar emplacar o Lula
antes das condenações'', disse.
A jurista ressaltou que é completamente contrária a qualquer
emenda constitucional para tirar o presidente neste momento.
''Tem o caminho do processo por crime comum, perante o
STF, e do crime de responsabilidade, perante o Congresso''.
Após a delação ser divulgada pelo jornal, o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo, atendeu
a pedido da Procuradoria-Geral da República
(PGR) e autorizou a abertura de um inquérito para investigar Temer. Com isso, o
presidente passou à condição de investigado na operação.