Menino de 10 anos foi sequestrado e morto por treinador que o tratava como filho
O desfecho das investigações sobre a morte de um garoto de
10 anos chocou o Uruguai, no fim de semana. Desaparecido desde a última
quinta-feira (20), o menino Felipe
Romero foi encontrado morto junto ao técnico de futebol, Fernando Sierra, 32 anos, no sábado
(22). Chegou-se à conclusão de que o treinador é o responsável pela morte e
pelo sequestro do menino.

O corpo do garoto e do técnico foram achados a 150 km de
Montevideo. Segundo familiares, Felipe e Sierra eram amigos e tinham uma
relação muito próxima.
A proximidade dos dois era tanta, que despertou a
preocupação da psicóloga que cuidava do menino. Assim, foi recomendado pela
profissional à mãe do garoto que proibisse o contato entre a criança e o homem,
contou a tia de Felipe, Maíra del Carmen
Romero, em entrevista.
Porém, mesmo com a dificuldade e a proibição em ver o
menino, Sierra foi até a escola buscá-lo, na quinta-feira, dia do sequestro.
Ninguém da instituição achou estranho, pois ele costumava buscar o menino na
escola.
Esse foi o último dia que Felipe foi visto, até que seu
corpo fosse encontrado no sábado junto ao do técnico. De acordo com o El Pais do Uruguai, Sierra disparou uma
vez no menino e logo depois se suicidou.
Pai e filho
Segundo a publicação uruguaia, Sierra e Felipe se conheceram
há dois anos, quando o menino pertencia a equipe comandada pelo treinador.
Atualmente, o menino não era mais dirigido pelo técnico, que era responsável
pelo time formado por garotos de até 9 anos de idade.
O relacionamento dos dois, entretanto, ainda permanecia
forte, pois Fernando havia se tornado a figura paterna de Felipe – filho
biológico de um importante ex-jogador uruguaio, Luis Romero. ''Ele levava e trazia Felipe dos treinos, das partidas,
andavam juntos para todos os lados, ele o tratava como se fosse seu filho, e
Felipe o tratava como se fosse seu pai. Por mais de uma vez, Felipe o chamou de
papai'', diz Myriam Sosa, dirigente
do Club Defensor Maldonado, time em
que o menino jogava e que Sierra treinava pela divisão infantil.
Foi justamente essa proximidade que chamou a atenção da
psicóloga de Felipe. Depois de algumas viagens realizadas entre o garoto e o
treinador, a profissional notou que algo não estava bem com o garoto e pediu
que a mãe não o deixasse só com Sierra. ''Ela notou sinais de que algo não
estava bem com Felipe'', revelou a mãe.
Com a proibição, Sierra chegou a tentar uma reaproximação
com o garoto, mas a mãe reforçou a recomendação feita pela psicóloga. Foi,
então, que Sierra ameaçou tomar medidas drásticas caso fosse impedido de ver o
menino. ''Se não posso mais ver o Felipe, eu me mato'', disse o técnico a mãe de
Felipe. Após a conversa entre os dois, Sierra buscou o garoto na quinta-feira e
ele nunca mais foi visto por familiares e amigos.
Repercussão
O caso comoveu o Uruguai e mobilizou a população do país e
da pequena cidade de Maldonado – onde viviam o Felipe e Sierra – com campanhas
de buscas ao garoto. ''Aqui, todo mundo se conhece. Nunca poderíamos imaginar
uma situação assim'', disse Maíra.
A juíza da cidade, Adriana
Morosini, confirmou no domingo (23), que será apurado se a escola tinha ou
não permissão para liberar a saída de Felipe com Sierra. Serão escutadas a
diretora da escola, professores, mãe, pai e a psicóloga que deu as recomendações
a família do garoto.